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Travessia BH - Nova Lima: dicas e história

Atualizado: há 3 dias

A travessia de BH até Nova Lima é conhecida como uma das mais tradicionais da região metropolitana de Belo Horizonte. Com mais 17 km de extensão, ela possibilita diversas emoções aos trilheiros mais roots, com subidas extensas passando pela crista e chegando ao Pico Belo Horizonte, para logo após descer relevo minerado, rala-bunda, vales e nascentes. Tem de tudo, para todos os gostos. Mais ao fim tem trecho com estrada batida, corredeira para uma refrescada e área urbana já em Nova Lima.




A travessia BH - Nova Lima, como forma de lazer, é feita por diversos grupos desde a década de 1950. Grupos de bairros, de escolas, de amigos, de professores. Muita gente já passou por essas serras. Essas pessoas certamente notaram e puderam comparar as mudanças na paisagem e urbanização em Belo Horizonte ao longo do tempo. Você poderá conhecer essa paisagem se quiser. O Pé no Chão organiza todo dia 1º de maio, a partir das 08 da manhã essa trilha, desde 1991, de forma ininterrupta (com exceção do período da pandemia em 2020 e 2021). Nesses anos todos pudemos ver a transformação da paisagem e quem esteve conosco certamente fez fotos ano a ano. Essas visitas constantes nos fazem sentir pertencidos àquela serra. A observação e lembrança de tantos momentos bons compartilhados lá faz com que criemos um vínculo e uma vontade de proteção com o lugar. E certamente você sentirá o mesmo. Observarmos e valorizarmos nosso patrimônio natural é o primeiro passo da luta para a conservação do que temos e amamos: as nossas serras e montanhas e a preservação dos ecossistemas ali existentes.


Em 31 anos, o Pé no Chão levou mais de 6 mil pessoas para caminharem e conhecerem o cartão postal de nossa capital mineira. A primeira BH - Nova Lima feita pelo Pé no Chão, que teve sua fundação ao final da travessia, foi em 1° de maio de 1991, em comemoração aos 8 anos do Jornal Chegou A Hora (que existe até hoje). O caminho não era demarcado com sinalização. Não havia mineração de forma intensa. Ainda havia nascentes e muito vegetação densa.


Em 1991, o grupo iniciou sua caminhada saindo de frente ao Cemitério da Saudade, no bairro Saudade. Passou à direita do Hospital da Baleia. Subiu uma trilha nas encostas da Serra do Curral até o Pico Belo Horizonte (1. 390 metros de altitude), o segundo ponto mais elevado da capital mineira (o primeiro está localizado na Serra do Rola-Moça). Depois, desceu o Rala-Bunda e entrou na Mata do Jambreiro.


Foi uma aventura, com o grupo se dividindo em três partes, e as duas primeiras se perdendo. Sofreram ataques de marimbondos-cavalo. Após tantas adversidades chegaram a Nova Lima, doloridos, sujos e cansados e pararam num bar, próximo à rodoviária, onde fizeram a confraternização do Pé no Chão, que se tornou habitual.


A caminhada BH - Nova-Lima não exige técnica nem equipamentos sofisticados para fazê-la. Você irá caminhar durante todo o tempo margeando a mancha urbana de Belo Horizonte, próximo ao Parque Municipal das Mangabeiras. Vai passar também por área minerada, da mineradora Empabra, e pelo Parque Florestal Estadual da Baleia, mageando o bairro Cidade Jardim Taquaril, a Serra do Curral e a RPPN Mata do Jambreiro, já dentro do perímetro de Nova Lima.



Dados técnicos


Fácil G3 1.390 m 12 ,54 km





Dica do Levar:


Mochila de ataque (pequena), água (suficiente para 3h a 5h de consumo), lanche de trilha (sanduíche, frutas, cereais, sucos, etc.), protetor para cabeça (boné, lenço ou chapéu), protetor solar, roupa leve, tênis confortável (testado e aprovado), celular com bateria carregada. Em caso de chuva: levar capa de chuva para você e outro para a mochila, e guardar seus itens em sacos plásticos dentro da mochila. Evitar levar guarda-chuva nas mãos para não deixar as mesmas ocupadas enquanto caminha se equilibrando, nas descidas.



Entretanto, devemos levar em conta que são 15 km de extensão em terreno acidentado e de altura considerável, já que estamos falando de uma serra enorme e que o trajeto até Nova Lima é por sua crista. No caminho encontramos dois trechos de água (o segundo não é potável, sendo infelizmente contaminado).



Aspectos geográficos e naturais da Serra do Curral


A Serra do Curral está localizada nos municípios de Belo Horizonte e Nova Lima, um maciço da Cordilheira do Espinhaço, e é uma sucessão de rochas sendimentares hemoclinais (todos os sedimentos e extratos apresentam a mesma direção e inclinação). Nesse tipo de formação hemoclinal é natural que as rochas mais jovens fiquem no topo e as mais antigas na base. Não é o caso da da Serra do Curral, onde ocorre o contrário. Isso mostra o quanto nossa serra já sofreu com vários eventos tectônicos, terremotos, etc., durante bilhões de anos, sendo resistência e testemunho da evolução e história.


Richard Burton, explorador britânico, em 1860, afirmou sobre a paisagem da Serra do Curral: "A Serra do Curral é curiosamente desagregada em rochedos e proeminências (...). Ficou visível durante muitas milhas, e a avistaríamos mesmo do rio. Parece ser ela o limite setentrional da região montanhosa metalífera, especialmente no que se refere às grandes formações piritíferas, e, para além dela, começam os terrenos mais planos e mais cultiváveis, especialmente os grandes campos de pedra calcária."


Nas áreas mais baixas, ainda preservadas, fora da mineração encontramos água, muita vegetação e animais, como serpentes, aves, borboletas, gambás, cachorros-do-mato. Segundo o IEF (2015), até jaguaritica, o lobo-guará e o porco do mato podem ser encontrados na região da Serra do Curral, próximo ao corredor ecológico que conecta a Serra do Curral, o Mangabeiras e o Parque Estadual Mata da Baleia, por onde também percorremos na travessia.



História


Descrever a Serra do Curral é falar de história. O local era considerado o marco geográfico do arraial do Curral del Rei, povoado que surgiu aos seus pés na primeira década do século XVIII. Desde o início da ocupação da região do Rio das Velhas, a partir da segunda metade do século XVII, a serra serviu de referência para os bandeirantes que vinham pelos caminhos dos sertões em busca de riquezas. Quer dizer, para chegar até a região, eles se guiavam pela Serra do Curral.


Ela foi ocupada em 1701 pelo bandeirante João Leite da Silva Ortiz, que ali se estabeleceu e passou a cultivar roças e criar gado. Já em 1707, a região já era descrita em documentos oficiais. A Fazenda Cercado, estabelecida ao pé da Serra das Congonhas (antiga denominação da Serra do Curral) deu origem ao povoado do Curral del Rei.


Em 1960, a exploração do minério de ferro ganhou grandes proporções no território, com a Ferro Belo Horizonte S/A (Ferrobel) que se instalou na área hoje ocupada pelo Parque das Mangabeiras. Do outro lado da Serra, no município de Nova Lima, há uma destruição enorme causada pela exploração da Mina de Águas Claras que deixou no local uma cratera de 200 metros de profundidade e uma devastação de cerca de 2.200 hectares (2.200 campos de futebol).

Atualmente encontra-se em pressão constante por parte da especulação imobiliária e de empresas mineradoras como a tentativa de execução do Projeto Tamisa, da Taquaril Mineração Ltda. Há um movimento enorme contra a execução do projeto Tamisa e a favor do tombamento da serra em âmbito estadual. Saiba mais e assine o abaixo-assinado, se for contra a mineração na Serra do Curral: Saiba mais sobre a Serra do Curral, compartilhe este abaixo-assinado elaborado pelo Movimento Serra do Curral - http://chng.it/jVYPJMR8zx


Grande parte da Serra do Curral, a partir de 08 de setembro de 2012, tornou-se Parque da Serra Curral com a função primeira de proteger a Serra do Curral. Esse patrimônio nacional tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e símbolo da Capital, oferece aos visitantes uma vista privilegiada da Região Metropolitana da capital mineira por meio de seus mirantes.


Agora que você já sabe um pouquinho sobre a nossa história com esse lugar e sobre os aspectos principais da travessia, poderá se preparar melhor para aventuras. A Serra do Curral, a Mata da Baleira e a Mata do Jambreiro são pontos importantes da travessia BH-Nova Lima que devem ser conhecidos, cuidados e preservados.


Anote em sua agenda: anualmente, no dia 1º de maio tem caminhada BH - Nova Lima, com a turma do Grupo Ecocutural Pé no Chão.







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