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Travessia Ouro Preto - São Bartolomeu: o Caminho Imperial

Atualizado: 4 de mar. de 2023

A travessia de Ouro Preto até o distrito de São Bartolomeu, quase em sua totalidade, é acessada via uma trilha no alto da Serra do Veloso, que liga o município de Ouro Preto ao seu distrito de São Bartolomeu, com vista privilegiada do Pico do Itacolomi, da Serra do Caraça, da Serra de Ouro Branco e do Pico de Itabirito e um cenário de tirar o fôlego.


A trilha do Imperador pela crista da Serra do Veloso tem inicío no trevo de Ouro Preto, distando 92,8 km da capital Belo Horizonte. Não tem nenhum ponto de água ao longo do trajeto. Sendo uma trilha para quem gosta de caminhar pelas nossas montanhas, curtindo a aventura e apreciando as nossas belas paisagens, além de conhecer a história de Minas Gerais, visto que há resquícios da trilha do Imperador nela. O objetivo é caminhar por cerca de 16 km pela trilha no alto da Serra do Veloso, depois descer pela Floresta de Uaimií, caminhando parte pela mata e parte pela Estrada Real, até chegar a São Bartolomeu.


Chega-se ao início da trilha pelo acesso da estrada vicinal à direita do Ville Motel, dando início a uma subida curta mas constante, sem sombra e com vegetação ao redor. Com cerca de 15 minutos chega-se ao acesso da entrada para a trilha em declive, à esquerda, fechada, com vegetação e terra solta. Esse trecho é curto, e após ele deve-se ter cuidado para não errar o acesso ao topo da serra, que deve ser feito numa curva fechada, em trilha à direita.

Ao acessar o topo da serra é só alegria. Caminhamos inicialmente próximo a antenas, e a uma cerca, em um trecho estreito e na cumeeira da Serra do Veloso. A vista bem em seu início já é de fazer brilharem os olhos. Temos uma belíssima vista da Serra do Caraça, num trecho da Serra do Espinhaço que para quem conhece seus picos e belas paisagens, vê-la de longe é alimentar a alma.

Ao fundo, vista para a Serra do Caraça, na direção do município de Catas Altas. Fotografia: Jessica Maia (2021)


Seguindo mais a frente nos deparamos com mais uma bela supresa: uma vista limpa para o Pico do Itacolomi, formação rochosa localizada na divida de Ouro Preto e Mariana. A trilha continua tranquila, sem muitos desniveis, de forma constante sob o Sol. Deve-se tomar cuidado com quem tem algum problema com altura, pois é estreita e muito alta, embora seja totalmente segura, não necessitando de nenhuma técnica específica de montanhismo.




Há beleza e boas surpresas durante todo o percurso. Na trilha do Caminho Imperial encontra-se uma estrada calçada, de rochas justapostas, bem encaixadas, em meio aos afloramentos rochosos da serra. Foi um importante feito da engenharia colonial, traçado sob rocha virgem, na encosta íngrime, percorrendo a serra em nível, por consolidação com muros de arrimo. A descida é leve e tranquila, nem nota-se o tempo passar de tão maravilhosa que é a vista que tem-se observando o entorno e a linha do horizonte.


Muro de pedras no topo da serra. Fotografia: Jessica Maia (2021)


Sabemos um pouco sobre o caminho ao lermos o livro "Diário de um Imperador - D. Pedro II" onde há um trecho, escrito de próprio punho de D. Pedro de Alcantara que refere-se ao caminho imperial, no alto da Serra do Veloso.

"2 de abril de 1881 (sábado) - subida da serra que divide águas dos Rio Doce de águas do Rio das Velhas. Alto da Pedra de Amolar. Vasta e bela vista. O caminho é todo pitoresco. Descobri ao longe o Rio das Velhas. Chafariz do tempo do governo de D. Rodrigues de Meneses 1722 creio eu [grifo do autor]. Arraialzinho dos Taboães com ponte. Cachoeira do Campo arraial de muitas casas. Almocei; Fui orar à Igreja que tem dois altares laterais que muito me agradam por seus lavores de talha."

Início do caminho calçado com rochas. Fotografia: Jessica Maia (2021)


Após um longo percurso sobre paisagens de encher o coração e alimentar a alma pela crista da serra, iniciamos a descida, onde junto ao desnível inicia-se também a mudança da paisagem. Segue-se descendo até acessar a Mata de Uaimií, iniciando em trecho sombreado, em trilha, ambiente mais úmido e de vegetação adensada. Seguimos por esse caminho até adentrar no distrito de São Bartolomeu, onde passaremos por estradas vicinais e por um trecho de trilho de trem.


São Bartolomeu é distrito de Ouro Preto, e localiza-se a 97 km de Belo Horizonte e a 19 km do município e Ouro Preto pela estrada AOU-090 que liga os dois lugares. O vilarejo é pequeno, tranquilo e acolhedor, localizado às margens do Rio das Velhas e cercado pelo Parque Estadual Floresta do Uaimií. Terra de doces caseiros, pastéis, bares e boa prosa.


Dados técnicos


Moderado 1.572 m 16 km








Dica do Levar:


Mochila de ataque (pequena), água (suficiente para 5h de consumo), lanche de trilha (sanduíche, frutas, cereais, sucos, etc.), protetor para cabeça (boné, lenço ou chapéu), protetor solar, roupa leve, tênis confortável (testado e aprovado), celular com bateria carregada. Em caso de chuva: levar capa de chuva para você e outro para a mochila, e guardar seus itens em sacos plásticos dentro da mochila. Evitar levar guarda-chuva nas mãos para não deixar as mesmas ocupadas enquanto caminha se equilibrando, nas descidas.


Devemos levar em conta que são 16 km de extensão em terreno acidentado e de altura considerável, já que estamos falando de uma serra enorme e que o trajeto até São Bartolomeu é por sua crista. Não há ponto de água durante o percurso.



Aspectos geográficos e naturais da Serra do Veloso


A Serra de Ouro Preto é o elemento paisagístico mais significativo no panorama urbano de Ouro Preto e representa a vertente sul de uma macro estrutura regional conhecida como Anticlinal de Mariana, orientada na direção leste-oeste, inserida na cordilheira do Espinhaço. Entre outros atributos, a serra atua como divisor de duas bacias hidrográficas de importância regional: a bacia do Rio das Velhas e a do Rio Doce. (ESCHWEGE, 1979; PINHEIRO et al., 2004).


A cidade está implantada num longo vale limitado, ao norte, pela Serra do Ouro Preto e, ao sul, pela cadeia de montanhas do Itacolomi. As altitudes variam entre 1.060m e 1.400 m, na Serra do Ouro Preto. A área urbana se caracteriza por declives acentuados de 20% a 45%, em cerca de 40% da área construída e somente cerca de 20% exibem declives leves, entre 5 e 20% (SOBREIRA; FONSECA, 1992)


História


O povoado de São Bartolomeu foi fundado nos anos finais do século XVII pelos bandeirantes, em busca de ouro, sendo um dos mais antigos de Minas Gerais. Entre os vestígios do período áureo, destaca-se a Igreja de São Bartolomeu, localizada no centro do distrito, cujos altares apresentam o Estilo Nacional Português. As características arquitetônicas dessa igreja – com três janelas, torres com telhadinho e cunhais de madeira – é típica das primeiras construções em Minas Gerais.




Referências


FERREIRA, Eduardo Evangelista. Patrimônio mineiro na Serra do Veloso em Ouro Preto-MG: registro, análise e proposição de circuitos geoturísticos interpretativos. 2017. 148 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2017. Disponível em: http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/9305


CAMPOS, Kátia Maria Nunes. (2014). Vestígios da mineração de ouro na Serra do Veloso: uma contribuição à geo-história de Ouro Preto-MG. Revista Espinhaço, 3(2), 15–27. https://doi.org/10.5281/zenodo.3964697



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